FONTE: GloboEsporte.com - 07/05/2016
Volante deixou clube paulista no início de 2015 por "perseguição" de parte dos fãs. Depois de eliminação, capitão virou alvo de descontentamento no tricolor gaúcho
Pouco mais de um ano após deixar o São Paulo por problemas com parte da torcida, o volante Maicon virou novamente alvo de fãs. Dessa vez, a bronca é no Grêmio, onde foi acolhido em 2015, tornou-se um dos destaques do time e liderança, a ponto de ostentar a braçadeira de capitão. Mas as três eliminações no primeiro semestre de 2016 – Primeira Liga, Gauchão e Libertadores – abriram feridas entre os gremistas.
Os motivos das cobranças, porém, são distintos. Enquanto os torcedores paulistas pediam mais empenho técnico, os gaúchos querem uma atitude mais firme, por sua representatividade, diante da falta de títulos e decepções consecutivas. Veem uma certa passividade no elenco. No desembarque desta sexta-feira após a derrota por 3 a 0 para o Rosario Central e consequente despedida da Libertadores, Maicon foi um dos principais alvos do descontentamento dos mais de 50 tricolores que foram ao Terminal 2 do aeroporto Salgado Filho.
– Ei, Maicon, vai tomar no c… Acabou a paz! Time de m..., pipoqueiros – gritavam os presentes, mostrando cédulas de dinheiro e cartões de sócio do clube.
Maicon também deixou a Arena em silêncio no domingo após a eliminação do Grêmio para o Juventude, no Gauchão, justamente quando todos esperavam que o capitão da equipe tomasse a frente das justificativas pela queda. Durante a semana, o volante foi aos microfones e afirmou que sempre “dá a cara a bater" após os tropeços. No entanto, optou por não falar por estar de “cabeça quente”. Ainda tratou de reclamar das críticas por parte da imprensa.
Passado semelhante
Maicon deixou o Morumbi em março de 2015 depois de se tornar o principal alvo de uma das organizadas do tricolor paulista. A gota d’água foi a vitória (isso mesmo!) por 4 a 2 sobre o Capivariano, pelo Campeonato Paulista. Na ocasião, em todo momento que tocava na bola, o volante era vaiado por alguns torcedores. Outros aplaudiam. Ele ainda deu uma assistência e participou de outro gol.
Apesar das críticas por parte dos fãs, Maicon não pode ser considerado um jogador “perseguido” pelos são-paulinos. A imprensa costuma citar que ele foi o “escolhido” para representar um período de fracassos simbólicos daquele time treinado por Muricy Ramalho, que o bancava como titular justamente por desavenças com a direção do então presidente Carlos Miguel Aidar. O estilo mais cadenciado do meio-campista é apontado como um dos motivos da ira dos torcedores.
No dia 9 de março de 2015, Maicon foi apresentado pelo Grêmio como reforço para o Brasileirão, por empréstimo. Rasgou elogios ao tratamento recebido pelos dirigentes gremistas e assumiu uma das vagas no meio-campo. Virou capitão, líder do time de Roger Machado e peça fundamental no esquema de toque de bola rápido que levou o Tricolor à Libertadores com a terceira posição no Nacional.
No início de 2016, os gaúchos desembolsaram R$ 7 milhões para ter o volante de 30 anos em definitivo. Mas o desempenho não tem sido o mesmo do passado. Mostra dificuldades na transição da bola da defesa para o ataque. Os duelos com o Rosario mostraram claramente as deficiências.
– O grupo não é insuficiente. Apresentou deficiências. Não é questão de diagnóstico errado. Tem situações de jogadores do ano passado que não corresponderam. Tudo isso não estava no script. O grupo precisa sofrer correções. Temos avaliações específicas – disse o presidente Romildo Bolzan Júnior após o jogo, sem enumerar os atletas referidos.
Há ainda a cobrança pela liderança que exerce no grupo tricolor – ou deveria exercer. O descontentamento dos gremistas ganha força por uma alegada falta de indignação frente à eliminação e a superioridade argentina. O “espírito de Libertadores” ficou aquém do que apregoa a torcida e o histórico do clube, entendem os gremistas. A mudança de postura de Maicon – e do elenco – passa pelas trocas na diretoria já anunciadas e uma nova maneira de remobilização.