FONTE: GloboEsporte.com - 09/04/2015
Na apresentação ao time celeste, lateral relembra gesto obsceno quando defendia o Internacional e lamenta não poder jogar a Libertadores
Novo reforço do Cruzeiro para a lateral esquerda, Fabrício foi apresentado na tarde desta quinta-feira, na Toca da Raposa II. No entanto, antes de falar da rápida negociação com o time celeste e dos planos para defender o atual bicampeão brasileiro, o jogador esclareceu a situação que o fez deixar o Internacional: o surto contra os torcedores na partida frente ao Ypiranga-RS.
Sereno, Fabrício pediu para fazer um pronunciamento sobre o caso antes de falar do Cruzeiro. Ele pediu desculpas ao presidente Vitório Piffero, aos ex-companheiros, comissão técnica e aos torcedores colorados. Porém, ele fez questão de deixar claro que o pedido de desculpas era para os torcedores das organizadas, que ficam atrás do gol, e que, segundo ele, só vão ao estádio para apoiar, e que não houve nenhuma injúria racial da torcida colorada.
- Quero pedir desculpa ao presidente do Internacional, jogadores e comissão técnica pelo fato que aconteceu e que não podia ter acontecido. Só eu sei o que estou passando e quero agradecer os quatro anos e poucos que joguei no Internacional, os títulos. O Inter me deu tudo e nunca atrasou salário. Me dava muito bem com os companheiros, mas já estava empurrando com a torcida. Não podia ter acontecido aquilo mesmo, mas quero pedir desculpa à instituição Colorada. Aos torcedores que ficam atrás do gol, das organizadas, que só vão lá para poder torcer. Às vezes nem assistem ao jogo, mas estão sempre ali. Sempre fui um jogador que batalhei. De 38 rodadas do Brasileiro, fui o que mais joguei pelo Internacional. Fiz gols importantes para ajudar o time a se classificar para a Libertadores. mas isso é mais do que minha obrigação. Sobre a injuria racial que estão falando, nunca aconteceu isso. Meu problema foi com a torcida mesmo, não houve nenhuma injúria racial.
- Meu empresário falou de seis ou sete times brasileiros, mas não deu muito tempo de conversar porque na quinta mesmo ele já tinha me falado da situação do Cruzeiro e falei que me interessava. Tinha outro do Brasil que me interessava, mas não é o caso de falar. E quando apareceu a chance de vir não pensei duas vezes, tenho amigos aqui, todos falam que tem um centro de treinamento maravilhoso, um grande clube. E pelo fato de ter ganhado nos dois últimos anos, hoje estou aqui e quero honrar essa camisa.
A saída conturbada do Colorado também foi lembrada, com relação ao que o torcedor e todos que torcem e trabalham pelo Cruzeiro podem esperar.
- Uma chance de ouro pelo que aconteceu. O cara tem que ter pulso firme e bancar esse jogador, não foi certo o que fiz e agradeço a confiança. Quero dar meu melhor aqui, sei do meu potencial e que posso ajudar. Foram 180 jogos no Inter, todo treinador que passou por lá me colocou para jogar, e estou feliz por essa oportunidade. Quero corresponder da melhor forma possível.
Veja outros trechos da apresentação de Fabrício, novo lateral-esquerdo:
Posicionamento
- Por incrível que pareça, quando cheguei ao Internacional tinha o Kleber jogando na lateral. Pela história que tem é meu ídolo e gosto como pessoa pelo que fez no futebol. Mas em 2011 joguei 19 jogos no Brasileiro, foi de volante ou meia e até um jogo de atacante. Chego aqui como lateral, mas onde o professor me colocar vou ajudar. Hoje sou lateral, mas em grande parte da minha carreira joguei de meia. Na base do Corinthians, por exemplo, o Éverton Ribeiro jogava na lateral e eu na meia, depois foi o contrário. Então, onde me colocar vou ajudar, estou a disposição dele, fiz os exames hoje de manhã, estava atuando lá e fiquei só dois dias parado.
Pode jogar o clássico? E o tabu
- Estou à disposição para estrear num clássico. Todo mundo gosta de jogar. Quando vinha para cá conversava com o motorista sobre isso, de que tem alguns jogos que não está vencendo. Mas acontece em todos os lugares, no Sul o Grêmio estava dois anos sem ganhar, ano passado ganhou, mas cada jogo é uma história. Entra ano e sai ano e muda jogadores, e espero no domingo estar focado para buscar o resultado positivo.
Na lateral, como atua?
- Sou um jogador que gosta de chegar ao ataque, ano passado fiz nove gols e para um lateral é muita coisa. Mas a primeira função do lateral é compor a linha de quatro e se tiver chance de chegar na frente eu vou chegar porque gosto de atacar bastante. Sempre fiz gol de cabeça também, pela minha estatura, sempre vou para a área para ajudar e fazer gol na bola parada. Ano passado fiz uns três de cabeça, até no penúltimo jogo contra o Palmeiras, que garantiu o Inter na Libertadores, eu fiz gol. Isso é uma arma forte minha.
Gol no Atlético-MG ano passado
- Fiz um gol aos 47 do segundo tempo, estava 1 a 1 e precisava da vitória para chegar na Libertadores. Um jogo difícil e todo mundo cansado, buscando, e pude fazer o gol naquela oportunidade. Agora espero ver o que vai acontecer, se vai me levar para o jogo, mas quero ajudar e se tiver chance de fazer gol eu quero fazer. Mas o mais importante é vencer a partida.
Torcida do Cruzeiro
- Exigente. Tem que ser, acho que a torcida tem que apoiar e se tiver quer criticar pode, mas depois que terminar o jogo. Não podemos tomar o gol com três segundos e parecer que acabou o mundo, isso tira a confiança dentro de campo. Ontem, o Damião dividia e pedia o apoio, por isso que vence. O torcedor está acostumado a ganhar, mas se tiver que vaiar tem que esperar acabar a partida.
Como conquistá-la?
- Vou mostrar dentro de campo, vou trabalhar bastante, vou chegar dentro de campo e me doar ao máximo. Nunca me machuquei. Quero atuar e conquistar o torcedor dentro de campo.
- Quando cheguei aqui, dei de cara com o Marcelo. Ele falou: “Que coincidência, queria você aqui e você vem de surpresa”. Num jogo em 2013, eu acho, num jogo em Caxias, o Willian e o Ricardo Goulart fizeram os gols. A torcida já pegava no meu pé. O Marcelo veio falar comigo, me deu um abraço, disse que as coisas acontecem. Falou que queria me trazer para cá. O meu contrato com o Inter era longo, até o final de 2017. Como eu estava no Internacional, estava feliz lá, mas fui me desgastando. Não pensei duas vezes e vir para cá.
Briga antiga com o Willians
- Está tudo em casa. Ele era um dos meus melhores amigos no Internacional, tive a oportunidade de jogar com ele no Santo André. Sempre fizemos as coisas juntos, é um grande amigo meu. Na mesma hora que discutimos, começamos a dar risada. Era véspera de Gre-Nal e acho que vencemos por 4 a 1.
Fora da Libertadores
- Doloroso, porque quando o cara é garoto, é jovem, ele quer jogar a Libertadores num time grande. Estava no Internacional, aconteceu esse fato, não vou poder atuar pelo Cruzeiro. O time está no caminho certo para chegar o mais longe possível.